Detox virou palavra de ordem. Mas será que a “desintoxicação” funciona mesmo?
Sua amiga te liga e diz que está fazendo uma dieta detox. Você vai ao supermercado e encontra um suco ou um alimento com “detox” no rótulo. Você liga a TV e lá está ele de novo, em algum programa, comercial ou em uma entrevista com celebridade.
Com tanta informação, porém, fica a dúvida: para que realmente serve o detox? E, principalmente, funciona mesmo? O raciocínio, segundo especialistas, é simples: a ingestão de alimentos à base de açúcar, farinha branca, carne vermelha e álcool, por exemplo, desencadeia a liberação de substâncias tóxicas pró-inflamatórias nas células, o que pode gerar desequilíbrios orgânicos. O excesso, além de engordar, causam dores de cabeça, desconforto abdominal, inchaço, gases e cansaço, só para citar alguns exemplos.
É aí que entra o detox. Ao retirar do cardápio alimentos “agressores”, os órgãos do corpo responsáveis por eliminar as impurezas –caso do fígado, do intestino e da vesícula, além das circulações sanguínea e linfática –, ficam menos sobrecarregados e livres para exercer suas funções.
De modo geral, as dietas detox são compostas por um mix de alimentos líquidos e sólidos. Por exemplo, no caso de uma dieta de uma semana, os dois primeiros dias podem ter apenas sucos e sopas no cardápio. Outra versão, menos indicada, é a 100% líquida. Dietas que aliam líquidos e sólidos duram em média 15 dias, podendo ser estendidas de acordo com a pessoa e o objetivo. Dietas à base de água envolvem, geralmente, dois ou três dias, podendo chegar a até uma semana, dependendo da orientação profissional.
“Os benefícios são muitos. O detox desincha, pois reduz a retenção de líquidos, alivia os sintomas da TPM, ajuda na qualidade do sono e melhora os níveis de colesterol, o intestino, a pele e o cabelo”, defende a nutricionista funcional Chris Vitola, que atende na cidade de Curitiba, no Paraná.
Na opinião da nutricionista funcional Andréa Santa Rosa, o emagrecimento é uma consequência do processo de desintoxicação. “As toxinas se alojam nas células de gordura, impedindo que haja trocas com o meio e que ela seja utilizada como fonte de energia”, explica. Ou seja, sem as impurezas, tudo tende a funcionar melhor.
Além de afastar os alimentos “agressores” citados acima –que também incluem produtos industrializados, leites e derivados, cafeína, adoçantes e glúten, entre outros–, a dieta prioriza comidas específicas. “Ela se baseia em alimentos que possuem propriedades antiinflamatórias e alcalinizantes, que aumentam o pH sanguíneo, deixando o sangue mais alcalino”, explica Andréa, que mantém consultório no Rio de Janeiro e atende famosas como Juliana Paes e Cleo Pires.
Além de legumes, verduras e frutas em geral, destacam-se alimentos do grupo das brássicas e das oleaginosas, além de temperos e especiarias. É importante dizer que a dieta detox não é vista com bons olhos por 100% dos especialistas. A principal crítica está na promessa de emagrecimento rápido. Há quem diga que é possível perder até três quilos em uma semana.
“Não existe milagre, nada feito de maneira isolada dá resultado. Por isso, o acompanhamento de um nutricionista é essencial”, diz Chris. Ter a supervisão de um profissional é importante para não correr o risco de deixar de ingerir nutrientes e fibras essenciais, além de não desidratar –outra preocupação dos críticos. Só um profissional é capaz de montar um cardápio que, mesmo restritivo, inclua todos os elementos necessários para a saúde do paciente. Além disso, há pessoas que não podem ingerir determinado tipo de alimento e devem estar atentas a isso.
Quem possui alteração na tireoide, por exemplo, tem de ficar longe dos alimentos crus, caso da couve, uma das estrelas do detox. Hipertensos não devem tomar chá verde, outra bebida que costuma ser indicada nesse tipo de dieta. Ou seja, antes de começar a sua faxina interna, marque uma consulta com um especialista. É o primeiro passo para que o detox mude a sua vida com segurança.
BEABÁ DO DETOX
O que é
Uma dieta desintoxicante
Para que serve
Indicada após um período prolongado de comilança ou quando o funcionamento do fígado está prejudicado. No entanto, recomenda-se esperar alguns dias após os exageros e preparar o organismo para o “baque” alimentar
Como funciona
Retira da dieta produtos industrializados, além de leites e derivados, carne vermelha, cafeína, álcool, adoçantes e glúten, por exemplo. Ao mesmo tempo, insere no cardápio alimentos que possuem propriedades anti-inflamatórias, desintoxicantes e alcalinizantes (que ajudam a aumentar o pH sanguíneo, deixando o sangue mais puro)
Alimentos aliados
• Alcachofra
• Cogumelos
• Chá verde
• Quinoa
• Verduras, legumes e frutas em geral. Destaque para elementos do grupo das brássicas, como agrião, rúcula, couve, brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, rabanete, nabo e repolho
• Oleaginosas, como amêndoas, nozes, castanhas, avelã e macadâmia
• Temperos e especiarias, como açafrão, curry, gengibre, canela e ervas frescas
Benefícios
• Os órgãos responsáveis pela “faxina” do organismo, especialmente o fígado e o intestino, ficam menos sobrecarregados e podem realizar o seu trabalho de forma mais efetiva
• Há um fortalecimento do sistema imunológico e melhora de quadros de alergias, insônia, enxaqueca, constipação, fadiga, colesterol e retenção de líquido, entre outros. O emagrecimento e o ganho de massa são consequências da desintoxicação
Tipos de detox*
• 100% líquida: à base de sucos e sopas, dura, em geral, de 2 a 3 dias, podendo chegar a uma semana
• Líquida e sólida: dura em média 15 dias, podendo ser estendida de acordo com o paciente e o objetivo
*Importante: A orientação de um nutricionista funcional é fundamental para que a pessoa não deixe de ingerir os nutrientes necessários para o seu organismo.
Fontes: nutricionistas funcionais Andréa Santa Rosa e Chris Vitola
Reportagem publicada na revista Estar Bem, ed. 29. Texto de Cláudia Jordão. Nossas revistas também estão disponíveis no nosso aplicativo para tablets nos sistemas iOs: http://bit.ly/1oyYb8C e Android:http://bit.ly/1lSoV26
